
Se é meu, é seu, é de todo mundo, quem tem autoridade para se apossar, vender, alugar, ceder? Essa é uma questão que me tira do sério. Fico olhando os vendedores de coco na Praia de Icaraí. São aglomerados de bagulhos, caixas de isopor, tendas pobres e gastas que tornam a orla um lugar feio de se ver. E quando critico, uma amiga argumenta que eles precisam trabalhar. Ora, ora. Isso é papo de assistencialista. Ou vai querer me convencer que aquilo é inclusão social? Passou a época da assistente social cinquentona, acima do peso, com colar de bolinhas no pescoço. O poder público não tem o direito de lotear o que é do povo.

Então, estaciono na Moreira César, do lado direito porque é sábado e é permitido. Saio do carro e encontro essa cena das fotos: a Lanchonete Matinata, há mais de vinte anos no mesmo ponto (Rua Cel. Moreira César, 282 – Loja 104). Agora ela ocupa também a calçada. Mais da metade de uma calçada que deveria estar livre para que pudéssemos transitar com carrinhos de bebê, cães, cadeiras de rodas, de braços dados com idosos, sozinhos ou acompanhados. Livre, mesmo que ninguém por lá passasse.

Vou contar para quem quiser saber. A faixa amarela que delimita a área que pode ser ocupada significa que o comerciante tem autorização da prefeitura para fazê-lo. Tem licença e pagou por ela. Sabe quanto? A bagatela de R$ 134,00/m² por ano. É isso mesmo: POR ANO. No caso do Matinata, para uma área que deve ter uns 12 m², o custo anual é de R$ 1.608,00 (R$ 134,00 por mês de ocupação). Sabe o valor de venda do m² comercial em Icaraí? Quase R$ 6.000,00 (para uma sala comercial na Moreira César).
Como curiosidade, um certo "shopping" da cidade cobra mais de R$ 2.000,00 por mês em um espaço no seu terraço medindo 60 cm x 60 cm. Quer pagar? Relação custo x benefício.
Eu fico indignado. Mas o sentimento que mais me dói é a vergonha.



